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A taxa interna de retorno (TIR) é uma ferramenta útil no arsenal dos analistas financeiros. Entretanto, ela não deve ser utilizada de forma isolada como fator de decisão, uma vez que possui diversas desvantagens.
Para problemas financeiros complexos, a TIR é difícil de ser calculada. (Jupiterimages, Brand X Pictures/Brand X Pictures/Getty Images)
Definição
A taxa interna de retorno é simplesmente o percentual de retorno que um investidor espera obter ao investir em um projeto específico. Se, por exemplo, o investidor espera comprar estoque hoje por R$10 e vendê-lo por R$11 daqui a seis meses, a TIR é de 10% ao semestre. Expressa em base anual, a TIR é de 20%. Em projetos sofisticados, o cálculo se torna bem mais complicado, exigindo uma matemática avançada. Um projeto de construção, por exemplo, pode envolver um desembolso inicial de R$ 5 milhões para compra de terreno e materiais de construção, com gastos adicionais durante a execução, para pagamento dos trabalhadores e compra de mais materiais. Algumas casas podem ser vendidas após 6 meses do início do projeto, com a construção de um decorado para visita de clientes, com vendas adicionais a uma proporção de 1 por mês para o ano seguinte. Estes múltiplos fluxos de caixa fazem com que o cálculo da TIR torne-se difícil de ser feito a mão.
Resultados múltiplos
Por mais estranho que possa parecer, é possível encontrar dois valores diferentes para a TIR de um mesmo projeto. Se o investimento produzir diversos fluxos de caixa (entradas e saídas), o cálculo da TIR pode resultar em dois ou mais valores. Esta é uma excentricidade matemática que, embora não seja uma ocorrência frequente, pode confundir significativamente o problema. Se o analista obtém dois resultados e um deles não parece razoável, ele pode optar por aquele que mais se assemelha a de outros projetos similares anteriores. Se os dois resultados estiverem próximos e ambos forem plausíveis, a TIR deverá ser abandonada como ferramenta de decisão.
Risco
Enquanto a TIR diz ao analista qual o percentual de retorno de um projeto, ela não informa o risco que o investidor corre para obter tal retorno. Dois projetos podem ter o mesmo fluxo de caixa esperado, com os mesmos prazos. No entanto, as perdas que eles podem causar caso algo dê errado durante o projeto são significativamente diferentes. A TIR não revela as perdas potenciais dos investimentos, mas apenas os retornos esperados. Portanto, ela deve ser utilizada juntamente com medidas de risco, como análise de variância, ou "análise do pior cenário".
Retornos líquidos
Um problema adicional com a TIR é que o seu valor não pode ser diretamente traduzido em ganhos líquidos, e nem sempre corresponde aos ganhos líquidos efetivos. Um projeto particular com investimento inicial de R$100.000 e 20% de TIR anualizada, não resultará necessariamente em um ganho de R$20.000 ao fim do ano. O projeto pode não manter sua atratividade, durando apenas um mês, e resultando em 1.6% de ganhos líquidos durante estes 30 dias. Se anualizada, esta taxa corresponde aos 20% ao ano. No entanto, depois de um mês, oportunidades de reinvestimento tão atrativas podem não mais existir, forçando o investidor a depositar seu capital em um banco, a uma taxa bem mais baixa.